quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Mercado de trabalho: para incluir é preciso quebrar paradigmas


Garantia do trabalho para deficientes depende de olhar diferenciado da sociedade

Lilian Geraldini
Roxane Regly

“Temos que explorar a potencialidade das pessoas com deficiência, e não tratá-las como incapazes.” É assim que o coordenador do Centro de Habilitação e Treinamento Profissional (CHTP) da Associação de Reabilitação Infantil de Limeira (Aril), José Luiz Rodrigues, resume o despreparo do mercado de trabalho com relação aos profissionais com deficiência. “É necessário respeitar as suas limitações, pois eles podem ser a pessoa certa em determinada situação ou função”, salientou.

Rodrigues participou, em 21 de outubro, da mesa redonda “Inclusão e Trabalho”, durante o curso de Inclusão, promovido no Fórum de Integração do Conhecimento. Juntamente com ele esteve o professor Joaquim Lazari, vice-presidente da Associação Integrada de Deficientes e Amigos (Ainda) e presidente do Conselho Municipal de Direitos das Pessoas com Deficiência (CMDPD).

O coordenador do CHTP destacou a necessidade de engajamento da comunidade para incluir as pessoas com deficiência em ações simples do dia a dia: “Não adianta simplesmente construir rampas, é preciso mudar o pensamento da população”. Segundo ele, em primeiro lugar deve-se acabar com os estereótipos e pré-concepções sobre a pessoa com deficiência. Alguns termos como “deficiente” e “portador de necessidade especiais” devem ser eliminados. “Eles remetem a alguém incapaz e generalizam”, disse.

Por sua vez, o professor Joaquim Lazari afirmou que deveriam existir políticas públicas voltadas à atuação de professores e empresas para que atentem ao potencial de pessoas com deficiência, já que hoje somente as entidades assistenciais têm essa visão. “As limitações são fruto do ambiente; se este não estiver adaptado, aí sim virão as dificuldades”, ressaltou.

Adriana Motta, diretora de uma escola municipal de Limeira, assistiu à mesa redonda. Ela disse que utilizará o conteúdo aprendido durante o debate. “Esse tipo de discussão ajuda a ampliar nosso espectro de reflexão”, comentou.

LEI DE COTAS
Para garantir a inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, existe há 18 anos a Lei 8.213/91, que determina a quantidade exigida de profissionais com deficiência nas empresas, de acordo com o seu número total de funcionários.

De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2007, dos 37,6 milhões de vínculos empregatícios no Brasil, 348 mil são ocupados por pessoas com deficiência, ou seja, menos de 1%. Destes, metade tem alguma deficiência física, 28% auditiva, 2% visual, 2,5% intelectual, 1,7% alguma deficiência múltipla e 14% são pessoas reabilitadas – que sofreram acidente dentro da empresa e voltaram a trabalhar.

O estado de São Paulo, nesse sentido, é o que mais emprega pessoas com deficiência de todo o Brasil, o equivalente a 39,7%.


Assista entrevista com os professores José Luiz Rodrigues e Joaquim Lazari:


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