sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Aprendendo a viver com a deficiência



Lilian Geraldini
Roxane Regly

Terceiro dia do curso de inclusão é marcado por
emocionantes histórias de vida e deficiências


Pessoas com com diferentes idades e ideais, mas tendo em comum a história de suas vidas e um sonho: alcançar a aceitação da sociedade. O último dia de atividades do curso de Inclusão, realizado no dia 22, teve como foco o depoimento de vida de quatro deficientes – dois físicos, um auditivo e uma visual – e a mãe de uma menina com Síndrome de Down.



José Cláudio Araújo dos Santos, 37, e Claudinei Diotto, 31, ambos deficientes físicos, Alexssandro Silva da Fonseca, 23, deficiente auditivo, Vanessa Cristina Moura Rodrigues, 28, deficiente visual e Edilaine Shenke, 42, mãe de Luiza, que tem Síndrome de Down, contaram um pouco de suas experiências no mundo de pessoas tidas como “diferentes”.

O primeiro teve paralisia infantil aos três anos de idade. José Cláudio Araujo dos Santos, porém, só conseguiu uma cadeira de rodas aos 14. Após completar 10 anos começou ir à escola, engatinhando e com uma sacola de cadernos pendurada no pescoço. Entretanto, hoje se orgulha de trabalhar, ter conquistado casa própria, carro e constituir família. Um de seus filhos já tem 17 anos. “As pessoas olham para o ‘aleijado’ e não para o ser humano que está sentado na cadeira de rodas. O que falta na sociedade é o sentimento de amor”, afirmou.

ALEXSSANDRO
Dificiente auditivo, Alexssandro contou, com o auxílio da intérprete da Língua Brasileira dos Sinais (Libras), Ana Paula Castello, que desde que nasceu teve muitos problemas, como raquitismo e queda de cabelo. Somente aos três anos, a mãe percebeu que chamava e o filho não atendia.

Detectou-se então que o garoto tinha 0% de audição. Na escola vieram as dificuldades, pois as professoras o ignoravam e não davam a apoio e atenção. Com a ajuda de amigos de sala, para quem ensinou a Libras, e especialmente da mãe, Alexssandro foi aos poucos aprendendo a escrever. Atualmente, Alexssandro cursa Letras-Libras na Unicamp, para ensinar a língua a outras pessoas. “Os surdos também são capazes, têm coração e são iguais a todos”, acrescentou com sinais para Ana Paula.


VANESSA
Há seis anos Vanessa não enxerga. Desde pequena tinha a visão turva, mas, após realizar um transplante de córnea, que tinha 80% de chances de dar certo, ficou cega. Ela revelou que tentou se suicidar duas vezes, desiludida com a vida que levava após perder a visão, e quase foi internada em um manicômio.

“No começo eu não aceitava o fato de ter que me guiar por uma bengala e as pessoas comentavam isso, me chateando muito”. Vanessa diz ter hoje outra concepção da vida. “Hoje me aceito como sou. Luto pelos meus direitos. Depois que fiquei cega comecei a sonhar”, relatou. A jovem pretende no próximo ano cursar Serviço Social no Isca.

EDILAINE
Edilaine começou contar a história da filha Luiza, de 9 anos, que tem Síndrome de Down, com a maneira como reagiu ao fato de ter uma filha com deficiência. “Eu nunca me perguntei: por que eu? Pelo contrário. Obrigada, pois eu posso, eu tenho forças para cuidar de uma pessoa especial!”, contou.

Ela destacou que a partir do momento em que você aceita o fato e encara a dificuldade que lhe é imposta, tudo se torna mais fácil. “É só as pessoas mudarem o olhar e vão ver que tudo é possível”, comentou. Luiza faz ballet clássico e estuda em uma escola pública de Limeira. É comunicativa e desinibida.

CLAUDINEI
A história de Claudinei é singular. Sua mãe, segundo os médicos, não poderia engravidar. Em certo momento, ela foi submetida a uma cirurgia para a retirada de um suposto tumor, mas descobriram que era uma gravidez. E não era apenas um bebê, e sim dois. Devido à intervenção cirúrgica, Claudinei e o irmão gêmeo nasceram de sete meses e tiveram paralisia cerebral.

Hoje Claudinei e o irmão trabalham no Isca Faculdades, em períodos distintos. Ele destaca que se orgulha disso. “É uma honra trabalhar aqui”, ressaltou. Sobre a inclusão, em sua opinião ainda falta conhecimento das pessoas sobre a deficiência. “Na realidade, ser diferente é normal”, completou.

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